sexta-feira, 16 de julho de 2010

Como fazer um herbário

Bem um herbário é algo muito útil e divertido de se fazer, para além de ser bastante simples. É uma ótima atividade para se fazer com alunos, ensinar-lhes um pouco mais sobre plantas e ao mesmo tempo tentar sensibiliza-las sobre os problemas do meio ambiente e mostrar a importância da Flora no nosso planeta.


Vejam em baixo um passo-a-passo de como fazer o vosso próprio herbário!


Materiais:

Caderno de campo - Destina-se a registar todos os dados colhidos no campo, referentes a cada planta como o nome do colector, o nome do concelho e a localidade de colheita (ex: Sintra, Cabo da Roca, o tipo de solo (ex: terrenos arenosos ou terrenos calcários) as características do local de colheita (ex: se encontra na margem de um ribeiro, num pomar, numa horta ou num bosque) e a data.
Tesoura de poda
Sacho pequeno
Folhas de herbário - Em Papel cavalinho, de tamanho A3 coberta por uma folha de rosto em papel vegetal. As folhas de herbário devem ser colocadas em pastas próprias e pessoais.
Sacos de plástico e fio
Etiquetas - Com indicação do nome do género; o nome da espécie; o nome vulgar, quando seja conhecido; o local de colheita, a data de colheita e o nome de quem fez a colheita.
Papel absorvente (Jornal, lista telefónica, etc.)
Bússola.

2 Placas de madeira - Dimensões sugeridas – 40x30 cm. com um furo a 2,5 cm de cada um dos quatros cantos.

4 Parafusos compridos com porcas de orelhas

1. Colheita de Exemplares:

As plantas herbáceas (ervas) devem ser colhidas, sempre que possível, com todos os elementos, isto é com raízes, caules folhas, flores e frutos, se possível; as dimensões da planta colhida (poderá ser dobrada) devem ser adequadas às dimensões do papel onde é feita a montagem.

Quando se trata de plantas lenhosas, arbusto ou árvore, só se colhem os ramos, flores e folhas.

2. Uma vez feita a colheita

Coloca-se uma pequena etiqueta (bocado de papel) numerada em cada planta colhida.
Colocam-se todas as plantas, recolhidas num dado local, dentro de um saco de plástico de tamanho adequado.
O saco deve ser atado imediatamente.
No caderno de campo registam-se os dados referentes a cada uma das plantas recolhidas (identificadas pelos respectivos números).

As plantas devem ser retiradas dos sacos após a chegada a casa ou à escola.
Devemos sempre que possível recolher dois exemplares, um para identificar com auxílio da lupa e da flora e outro para guardar.
O exemplar a colocar no herbário deve conter todos os elementos necessários à sua identificação até à espécie, em perfeito estado de conservação.

3. Secagem dos Exemplares:

O exemplar a guardar deve ser cuidadosamente colocado entre folhas de papel absorvente (jornal, lista telefónica, ou outro).

Na sua colocação deve ter-se o cuidado de:
Não deixar dobrados folhas, flores ou frutos, após a manipulação;
Colocar as folhas da planta viradas umas para cima e outras para baixo;
Verificar se a pequena etiqueta com o número de referência se encontra devidamente colocada na planta. Só assim poderá ser correctamente identificada, com todos os requisitos necessários à elaboração da etiqueta de herbário.
As folhas que contêm as plantas devem ser sujeitas a uma pressão uniforme, que permita a secagem sem encarquilhamento das folhas e sem rebentamento das células, de preferência numa prensa apropriada, ou seja, entre as duas placas de madeira. (As plantas suculentas requerem mais cuidados).
As plantas devem ser transferidas para novos jornais secos, logo no dia seguinte, fazendo-se mudas sucessivas tantas vezes quantas as necessárias até estarem secas, para que a humidade contida na planta não contribua para a sua descaracterização.
Assim, pelo menos diariamente, no início, e ao terceiro ou quarto dia, conforme o conteúdo de água da planta, dia sim, dia não ou de forma mais espaçada.

4. Colocação em Folhas de Herbário:

Depois de secos os exemplares estão prontos para serem colocados em folhas de herbário.
O modo de fixar as espécies sobre as folhas é variável: o mais aconselhável é usar fitas adesivas, no entanto, para quem tem mais prática poderá usar cola branca.

5. A etiquetagem - deve ser colocada no quadrante inferior direito devendo dela constar:

Género,

Espécie,

Nome vulgar,

Local de colheita,

Habitat,

Data de colheita,

Nome do colector.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um povo politizado

Sonhar é bom, principalmente quando sonhamos com coisas boas. O nosso povo cobra e se diz indignado quando vê através da mídia escandalos de corrupção na área pública, principalmente quando o escandalo se faz na área política, mas os nossos políticos são o reflexo do nosso povo. Precisamos mudar são as nossas atitudes, a nossa postura diante dos acontecimentos, precisamos ter uma coisinha chamada ética, pois quando trocamos nosso voto, seja direta ou indiretamente por algum favor político, estamos dando nossa contribuição para que os maus políticos cheguem ao poder. 
A partir do momento em que o povo mudar, consequentemente os nossos políticos mudarão, pois os políticos são o reflexo de um povo. Os políticos também são o POVO. 

Serra, um press release perigoso


Sem fortuna nem virtù, a candidatura Serra deve ser encarada como de fato se apresenta: uma irresponsabilidade política que busca construir sua persona a partir de clichês oratórios de desqualificação da principal oponente, a ex-ministra Dilma Rousseff. O teatro político que pretende montar, tentando se valorizar no jogo da sucessão, pode vir a se revelar o fracasso da temporada, não só pela fragilidade pessoal do ator como pela biografia do elenco de apoio. Mais dia menos dia, terá que descer a cortina, encerrando a apresentação.

Quando diz não ser “ventríloquo de marqueteiro nem de partido, nem de comitês, nem de frações, nem de todas aquelas organizações antigas de natureza bolchevique, que do bolchevismo só ficaram com a curtição pelo poder, porque utopia não ficou nenhuma”, importantes perguntas se impõem. Afinal, por quem fala José Serra? Ou, melhor: quem, dissimulando o timbre natural da própria voz, fala por ele? Quem é o boneco nesse jogo mal-ajambrado?

A coligação oposicionista é uma gigantesca operação de engodo promovida pela mesma dupla (PSDB/DEM) que, entre 1994 e 2002, se superava, dia após dia, em matéria de socialização de prejuízos privados e entrega do patrimônio público. Em oito anos o país quebrou duas vezes, as dívidas, interna e externa, cresceram descontroladamente. O grau de dependência se precipitou e a desigualdade alastrou-se.

O descaso com a questão social – vista até hoje pelos tucanos como um estorvo para as contas do governo – fez com que a miséria e o aviltamento dos salários se expandissem. Dados do Banco Mundial, em 1997, apontavam 36 milhões de brasileiros com renda inferior a US$30, o que explica o número assustador de crianças que trocavam a infância e a escola pelo trabalho precoce. Enquanto isso, o governo FHC excluía o imposto sobre as grandes fortunas do seu pacote fiscal. Quebra-se o país, jamais um banco, ensinava o príncipe dos sociólogos.

Em 2001, a mudança no fluxo de capitais agravaria o desequilíbrio externo brasileiro, com a entrada de recursos estrangeiros caindo US$ 10 bilhões em relação ao ano anterior. Para piorar a situação, cresceria a remessa de lucros e dividendos, devido à crescente internacionalização da economia ocorrida na segunda metade da década de 1990. Tudo isso levava a uma valorização excessiva do dólar.

E o que fazia FHC e seu séquito diante da crise do modelo? Segundo o Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo (Simpi), enquanto 80% das microempresas estavam inadimplentes, o governo arquitetava, via BNDES, o socorro das grandes corporações endividadas em dólar. De fato, uma garantia ao mercado que “aquelas velhas organizações bolcheviques” jamais ousariam dar.

É o retorno de catástrofes dessa natureza que a candidatura Serra promete. O neoliberalismo, expressão recente da direita, não hesitará em fazer uso de conhecidas “reengenharias” para destruir o Estado, deixando sobreviver somente os órgãos que garantam os interesses mercantis. Serra é o ventríloquo de um grupo que está convencido de que é necessário reciclar o manual de terra arrasada. O pequeno remanejamento da aliança partidária que deu apoio ao governo de FHC não traz novidades substantivas. O que é o PPS senão o adorno de conhecidos arrivistas?

O DEM (antigo PFL) tem um histórico de hipocrisia, cinismo e empulhação. A mudança de nome, apontada por suas lideranças como primeiro passo de ajustamento necessário, não resistiu a duas primaveras. A operação “Caixa de Pandora”, apontando o governador de Brasília, José Roberto Arruda, como principal articulador de um esquema de corrupção envolvendo integrantes do seu governo, empresa com contratos públicos e deputados distritais, revelou o DNA da “novidade”.

Das minúcias, futricas, esperneios, conselhos e advertências desse espectro político, a grande imprensa recolhe a matéria-prima para fazer seus boletins de campanha. José Serra, o acaciano retórico, produto híbrido do latifúndio com a banca, é um personagem de press release. Não deve ser levado a sério quando fala em modernidade. Seu projeto autoritário precisa da mídia com poder de Estado e do mercado como única instância de legitimação.

Texto do Prof. Gilson Caroni

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil